Mitologia chinesa: Pan Gu e a criação do mundo

em 08/11/2012


Olá meus caros e queridos Atormentados...O texto abaixo fala de um conto da mitologia chinesa, a respeito da criação do mundo em que vivemos. O texto foi retirado do livro "Mitologia chinesa: mitologia primitiva: quatro mil anos de história através das lendas e mitos chineses." escrito por Antonio Daniel Abreu. Bem eu estou lendo esse livro, e se eu encontrar mais algumas lendas interessantes, eu pretendo postá-las aqui...A leitura poderá demorar um pouco, afinal me encontro em meio as provas de final de semestre na faculdade... 

O mundo veio de uma bola cósmica, envolta em trevas, flutuando no universo. Dentro da bola, havia um espírito. O espírito foi-se desenvolvendo em silêncio, no seu interior, ninguém sabe por quantos anos, até que finalmente esse novo espírito, chamado Pan Gu, nasceu. Pan Gu vivia dentro da bola, com os olhos meio fechados, absorvendo a nutrição da bola, dormindo tranquilamente.

Milhões de anos se passaram assim, Pan Gu cresceu e virou um gigante. Um dia, ele abriu totalmente os olhos. Mas porque se encontrava em total escuridão, Pan Gu não conseguiu ver nada. Ele pensou que o negrume em frente dos olhos fosse por que ele não tivesse acordado totalmente; limpou os olhos, mas mesmo assim não via nada. Limpou várias vezes os olhos, mas em frente dele existia somente uma escuridão sem fim. Ele ficou bravo, pulando e gritando, pedindo pela luz, batendo na bola para quebrar o mundo escuro.

Pan Gu ficava pulando e gritando, ninguém sabe por quantos anos; finalmente, seus gritos e todo o barulho que fez atravessaram a bola e chegaram aos ouvidos do Imperador de Jade no céu. Ao ouvir o barulho, o Imperador de Jade ficou muito feliz. Ele pegou um machado que tinha ao seu lado, e o jogou dentro da bola para Pan Gu.

Pan Gu, pulando e gritando, de repente, viu um fio de luz quando o machado atravessou a bola. Ficando surpreendido, ele alcançou a mão para tocar a luz. Ao mesmo tempo, o machado chegou e caiu na sua mão. Sentindo que alguma coisa tinha caído na mão, ele deu uma olhada: era um machado. Mesmo não sabendo de onde veio o machado, ele ficou muito feliz e decidiu quebrar a escuridão com o machado.

Com a primeira machadada, Pan Gu ouviu um barulho enorme, tão forte que pareceu quebrar tudo. Uma racha apareceu na bola, e uma luz brilhante veio de fora. Ele ficou tão alegre que por momentos, se deteve, exclamando sua emoção. Mas subitamente, viu que a racha ia-se fechando e a luz sumindo. Ele jogou o machado no chão e empurrou a parte de cima da bola para manter a racha, e a luz.

Sabendo que, se desistisse, a bola fecharia de novo e ele perderia a luz, Pan Gu ficou sustentando a parte de cima com muita força. As juntas dos seus ossos começaram a estalar, Pan Gu estava crescendo. Todos os dias, ele crescia um Zhang (medida chinesa, 1 Zhang = 3 metros), e a racha aumentava um Zhang. Muitos anos se passaram, Pan Gu chegou à altura de 18 milhas de Zhang, o mesmo acontecendo com a racha.

Ao ver que os dois lados da racha ficaram suficientemente afastados um do outro, não podendo mais fechar, Pan Gu sentiu-se aliviado, e começou a dar uma olhada ao redor dele: a escuridão em cima tinha virado o céu, mudando a cor para azul claro; a escuridão, em baixo, mudou para terra grossa, de cor amarela-marrom. Olhando para o céu azul claro, tão grande que parecia não ter fim, e a terra amarela, grossa e ampla, Pan Gu sentiu-se muito alegre: a escuridão tinha-se retirado e a terra estava coberta pela claridade. Ele começou a rir.

Ele riu tanto que, de repente, teve um colapso e seu grande corpo caiu no chão. Pan Gu havia morrido. Mas, na verdade, ele não morreu. Seu corpo brilhou e as partes da sua essência física começaram a se transformar.

O seu olho esquerdo voou para o leste do céu, e virou o sol brilhante que ilumina tudo. O seu olho direito voou para o oeste do céu e virou a lua terna. A sua respiração transformou-se no vento da primavera que acorda a Vida e nas nuvens que flutuam no céu; a sua voz, no raio que ilumina as nuvens escuras com um trovão ensurdecedor. Seus cabelos e barba voaram em todos os sentidos e viraram florestas densas, ervas prósperas e flores coloridas. Seu suor atingiu o céu e virou estrelas brilhantes. Seus braços e pernas se estenderam e formaram montanhas. Suas veias tornaram-se caminhos serpenteando a terra, onde seu sangue fluiu, formando os rios. Seus dentes e ossos se espalharam e viraram metais brilhantes; jades brancos, pérolas cintilantes, ágatas lindas e tesouros abundantes. Da sua saliva, surgiu a chuva que umedece a terra.

O que restava da vida em seu espírito virou lentamente em bichos, peixes, pássaros e insetos, e trouxe vitalidade para o mundo.

Usando seu corpo e seu espírito, Pan Gu criou o mundo.

7 comentários:

  1. O.o Já fiz um post sobre isso tb... O.o
    Mto bom post :D

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    1. Pesquisei sobre ele pq tive um sonho onde eu tinha que fazer "oferendas" para Pan Ku ou Pan Gu, para que ele me ajudasse. Ai fiquei curiosa e bem surpresa de saber que existia referencia a esse nome.

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    2. Muito louco esse lance de sonhar com oferenda...
      O que achei legal nesse texto é a ideia de que a morte de Pan Gu ter gerado as coisas, tipo rios e tals...isso meio que nos leva a pensar que o sacrifício dele permitiu a terra se tornar habitável...
      Isso me levou a pensar...estamos vivendo em um cadáver, tal como vermes, consumindo tudo ao redor, sem pensar no amanhã...hehe.

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    3. Interessante esse pensamento Nando... Não tinha parado pra pensar nisso, mas analisando agora, realmente não passamos de "vermes" a destruir um "corpo"... Filosofando agora xD

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    4. Muito legal o comentário de que vivemos em um cadáver e nós somos os "vermes" que consumimos tudo sem parar kkk combina perfeitamente com o texto kkk

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  2. Parabens pelo post!!

    Leo

    www.eufaloagora.com

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  3. porra, heueheueheu gente pesquisem Perfect World, e a mesma merda, criaram um jogo( muito bom ) com essa lenda, gosti kk

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